domingo, 19 de fevereiro de 2017

Cemitério de lojas




Estão vendo o prédio da direita na foto ao lado? É o Venâncio 2000. Até meados da década de 90 era o shopping com a maior quantidade de lojas no Distrito Federal. Assim como várias lojas de rua sofreu com a concorrência dos novos shoppings que surgiram, principalmente este que aparece à esquerda da foto - o Pátio Brasil. Hoje possui um andar inteiro desativado por conta da debandada de lojas e mesmo as que ainda sobrevivem acabam por ilustrar o caráter agonizante do edifício. Recentemente as marquises da entrada em frente ao SHS foram retiradas, o que deu um ar mais tétrico ainda.

No segundo subsolo ficava a loja âncora do shopping: As Casas da Banha, que ocupava metade do andar. E já que tocamos no assuto vamos incrementar a conversa de botequim. Sempre tem aquele que tenta lembrar de lojas antigas que havia em Brasília para impressionar os amigos, mas no fim das contas o que aconteceu com elas:


Já que falamos nas Casas da Banha vamos começar por ela. A rede de supermercados carioca possuía cinco lojas no Distrito Federal: a do Venâncio 2000, a do Brasília Rádio Center, a da 513 norte, a de taguatinga e a de sobradinho. Com o fechamento da rede em 1992 por "questões de ordem financeira" os condomínios tiveram que se virar para ocupar as grandes áreas onde ficavam o supermercado.



Destino semelhante tiveram duas lojas tradicionais e que sempre são lembradas pelos saudosistas como sinônimo de Brasília. A Bi Ba Bô existia desde 1957 - ou seja, mais antiga que Brasilia - e sempre ocupou aquela loja da 508 sul. Chegou a iniciar a construção de um grande magazine nos moldes do Mappin paulista, mas as dificuldades financeiras acabaram por interromper a obra e deixar o esqueleto abandonado. Em 2007 foi realizada a implosão do mesmo e em seu lugar foi erguido um moderno prédio de escritórios. Já a sua irmã informal (ninguém lembra de uma sem lembrar da outra), a Fofi, ficava na 510 sul e se destacava por vender artigos para recém nascidos e nunca deixava de aparecer na mídia, o que fez com que sua marca nunca deixasse de ser lembrada. As duas, assim como diversas lojas tradicionais como as Casas Nordeste, sucumbiram com a decadência que se abateu na W3 sul durante a década de 90.


Já uma outra rede de supermercados se acabou por outras razões. A Cobal (Companhia Brasileira de Alimentos), empresa pública que era vinculada ao Ministério da Agricultura, foi fundida com a Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento e formou a Conab durante o Governo Collor, com isso seus supermercados foram fechados, os imóveis repassados a outras redes e a Rede Somar - mercados menores, de particulares, que eram abastecidos pela empresa como numa franquia - extinta, deixando os estabelecimentos vinculados por conta própria. A maior das unidades da Cobal ficava na Entrequadra 310/311 e hoje abriga um Carrefour Bairro. Destino semelhante teve a SAB, a equivalente a Cobal no GDF, e que era famosa por seus Mercados Volantes, expediente que a Cobal também possuía.


Havia também as lojas ligadas à Companhia Brasileira de Distribuição. A mais famosa delas era o Jumbo que possuía lojas no Conjunto Nacional, no Gilberto Salomão, na 502 e na 516 sul, em Taguatinga, entre outras. Durante a década de noventa o grupo passou por uma reformulação estrutural e as outras marcas pertencentes a CBD como Minibox, Superbox (tinha em Taguatinga e no Guará) e Sandiz (ocupava toda a parte esquerda do Parkshopping onde hoje fica a praça da alimentação e a Fnac) foram incorporadas ou à marca Pão de Açucar ou à marca Extra.





Havia também a Sears (satisfação garantida ou seu dinheiro de volta, lembra?). Ficava na parte acima de onde hoje é a Riachuelo no Conjunto Nacional. Se juntou à Sandiz e seguiu o mesmo destino listado acima.

Outros supermercados menores foram sucumbindo com o tempo. Alguns exemplos: Panelão (EQS 306/307 e Venâncio 3000), Chapecó (Av. Hélio Prates - Taguatinga), Slaviero (505 sul, isso mesmo, atrás da concessionária, lembra?), Bom Motivo (ocupou a loja posteriormente), Planaltão (foi comprado pelo Carrefour e virou Champion), entre outros. Quem lembrar de mais pode postar nos comentários.

E as lojas do texto anterior? Da Mesbla todo mundo lembra: ficava ao fundo do Parkshopping onde hoje fica a Renner. As Brasileiras ocupavam dois andares do Conjunto Nacional, mais precisamente o primeiro (na área onde está atualmente a Zelo e as lojas em volta) e o térreo (onde está a Novo Mundo). E poucos sabem, mas chegou a ter uma loja do Mappin em Brasília, a mesma foi inagurada junto com o Pátio Brasil para ser uma das lojas âncora do novo shopping mas foi fechada junto com toda a rede dois anos depois, no local está agora a loja Otoch.

Enfim, muitas marcas não resistiram às mudanças do mundo, mas na memória provavelmente irão existir eternamente, pelo menos enquanto houver engraçadinhos a invocá-las para impressionar os colegas.

Clébio.

2 comentários:

  1. Gostava do chapecó, em taguatinga, ficava na cnb 06 ou 07 , não lembro, andava quando criança por á junto da minha mãe.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também curtia, lembro-me de que sempre que ia lá, brincava em um parquinho tipo praça, próximo a ele. Bons tempos.

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...